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O SUMMA expõe na jornada internacional “Desenvolvimento humano para todos: ciências sociais em diálogo por sociedades inclusivas” | Cunaco, Chile
janeiro 14, 2019A exposição de Ismael Tabilo abriu a primeira jornada de trabalho na mesa de Desenvolvimento Humano e Vulnerabilidade de Direitos. A partir daí foram feitas reflexões sobre as tensões que existem na implementação do direito a educação nos centros de regime fechado e de internação provisória do Serviço Nacional de Menores (SENAME) na Região Metropolitana.
Na oportunidade, o investigador do SUMMA destacou que “o choque entre as lógicas penitenciárias e educacionais produzem limitações pedagógicas: dificuldade para acessar materiais de trabalho, realizar atividades alternativas, sair da sala de aula ou provar novas metodologias. Para a lógica penitenciária, a educação é parte da condenação”. Acrescentou que lá “existe uma ordem temporal hierarquizada, onde o tempo penitenciário e judicial prevalecem sobre o tempo escolar. Assim, as atividades do centro de reclusão marcam o ritmo do dia, mantendo uma agenda rotineira, ordenada e previsível. Pelo contrário, a educação nestes contextos trabalha sobre uma base de imprevisibilidade e flexibilidade didática na sala de aula, enfrentando os diferentes níveis educacionais dos alunos e os impactos emocionais da prisão”.
De uma perspectiva individual, Tabilo expôs que ao analisar as trajetórias dos jovens, foram observados diversos fenômenos que facilitaram tanto o abandono escolar como o começo de uma carreira penal. Neste contexto apoiou que “os requisitos mais práticos da educação, como assegurar a rotina escolar (transporte, alimentação, etc.) e o apoio e orientação constantes para a permanência das crianças nas escolas, exige ativar uma rede de apoio que em muitos casos não existe. Devido às más experiências escolares anteriores e ao abandono escolar precoce dos jovens, a educação é mais um discurso socializado, mas sem uma experiência social que a suporte”. Neste sentido, indicou, “observamos que ir para a escola não é uma atividade espontânea, nem significativa a priori, pois, por um lado, mobiliza um discurso de valorização da educação que se adquire no contexto social e familiar da primeira infância, e por outro, implica hábitos de comportamento que se aprendem na escola, período no qual as crianças se apropriam deste discurso e constroem sua própria valorização com base na experiência”.
Sobre o encontro
O encontro foi organizado pela Social-One e PSY, em associação com o COES e o Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Chile (PUC). Foi destinado a estudantes da pré e pós-graduação, pesquisadores que se iniciam na academia e profissionais de ciências sociais, especialmente de psicologia e sociologia. Pesquisadores participaram do programa ProCiviCo da Faculdade de Psicologia da PUC, pesquisadores da Colômbia, México, Argentina, Brasil, Espanha, Itália, entre outros. Como representantes da rede Social-One auxiliaram dez pesquisadores de psicologia e de sociologia, pertencentes as universidades de Gênova, Aldo Moro de Bari e Sapienza de Roma.
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